domingo, 14 de julho de 2013

Faça você mesmo

As estratégias de empreendedores que estão ganhando dinheiro com artesanato, matérias-primas e acessórios para trabalhos manuais – um mercado que movimento mais de 50 bilhões de reais por ano no Brasil

O artesanato muitas vezes pode passar a impressão de ser uma espécie de relíquia do passado – uma atividade tão antiga quanto a civilização que, com dificuldade, se mantém viva num mundo cercado de tecnologia e produtos fabricados em escala industrial. Nada mais falso. De acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 8,5 milhões de brasileiros fazem algum tipo de trabalho manual que movimenta, segundo estudos do Ministério de Desenvolvimento da indústria e Comércio Exterior, em torno de 50 bilhões de reais por ano. Nas próximas páginas, a Exame PME mostra as histórias de cinco empresas que estão crescendo nesse mercado feito à mão.

OS DONOS DA FEIRA

Feiras de artesanato costumam ter um aspecto modesto – geralmente um grupo de artistas reunidos num canto de praça vendendo sua produção diretamente aos consumidores. Nos últimos dez anos o casal Wander Mazzotti, de 55 anos, e Rita Mazzotti, de 53, criaram um negócio em expansão com uma proposta bem mais ambiciosa. Eles são donos da paulista WR, organizadora de eventos que no ano passado faturou 5,2 milhões de reais promovendo grandes feiras de artesanato. Seu principal evento é a Mega Artesanal, realizada entre junho e julho – a edição do ano passado reuniu quase 500 expositores e atraiu 114 000 visitantes ao Centro de Exposições Imigrantes, na zona sul de São Paulo. “O artesanato movimenta um mercado enorme, e pouca gente percebe isso”, diz Mazzotti. “Em parte, nossas feiras ajudam a mostrar a força desse setor”.
Mazzotti e Rita perceberam a oportunidade para fazer eventos ligados ao artesanato em 2002. Na época, a WR já existia, promovendo congressos de temas ligados à sustentabilidade ambiental– um nicho que começava a atrair grandes agências de marketing e eventos. “A concorrência aumentou e ficou mais difícil”, diz Mazzotti. A opção pelo artesanato surgiu quase naturalmente. Por causa dos eventos de sustentabilidade, os sócios já tinham contatos com os artesãos que trabalhavam com material reciclado. O mercado também não era desconhecido dos donos da WR – Rita é artista plástica, formada em desenho e sempre se interessou pelo assunto. “Acabamos encontrando um mercado em que havia poucos concorrentes” diz ela.
Além da Mega Artesanal, a WR promove eventos sobre tipos específicos de trabalhos manuais como a Brazil Patchwork Show, para quem faz trabalhos como colchas e edredons de retalhos. A proposta das feiras da empresa é servir como ponto de encontro da cadeia produtiva do artesanato, reunindo fabricantes de insumos, artesãos e potenciais compradores, como donos de lojas de decoração. “Nem sempre fechamos grandes vendas na feira, mas sempre saímos de lá com contatos que mais tarde podem gerar negócios”, diz Mariana Yoshiumi, sócia do Kazari, ateliê de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, que expõe na Mega Artesanal.